Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/07/2013
O grupo trabalha com fibras ópticas ultrafinas para transportar informações quânticas, fibras estas que podem "fritar" se a dissipação do calor não for bem compreendida. [Imagem: Vienna University of Technology]
Onda de calor
A Física está decididamente sendo invadida por uma "onda de calor" - mais especificamente, sobre mudanças radicais na forma como a ciência compreende e interpreta o calor.
Mas as duas novidades mais radicais vieram com a demonstração, feita por equipes separadas, de que a energia pode ser transportada diretamente do frio para o calor e que, em escala atômica, o calor se concentra e não aquece todos os lugares.
Lei de Planck
Em 1900, o físico Max Planck estruturou uma fórmula que descreve a radiação de calor dos corpos como uma função da sua temperatura, estabelecendo as bases para a física quântica.
Sua teoria descreve a radiação de uma ampla variedade de objetos, da luz emitida pelas estrelas até a cor de uma bijuteria brilhante, passando pela invisível radiação de calor, que pode ser registrada com câmeras de infravermelho.
Mas, embora a teoria possa ser aplicada a muitos sistemas diferentes, o próprio Planck já sabia que ela não era universal e teria que ser substituída por uma teoria mais geral quando objetos muito pequenos fossem envolvidos.
Esses objetos muito pequenos começaram a ser envolvidos de fato nas pesquisas com o desenvolvimento das nanociências e com a criação das ferramentas para a nanotecnologia.
Lei geral da radiação termal
Agora, a dupla austríaca trabalhou não com distâncias, mas especificamente com a dimensão das partículas, conforme previsto por Planck.
E descobriram que, quando os objetos são menores do que o comprimento de onda da radiação termal, o calor não se irradia da "forma eficiente" verificada nos corpos maiores.
Ao verificar isto experimentalmente, os dois cientistas desenvolveram uma teoria mais genérica da radiação termal.
"A radiação térmica de um pedaço de carvão pode ser descrita perfeitamente pela lei de Planck, mas o comportamento das partículas de fuligem na atmosfera só podem ser descritas por uma teoria mais geral, que pudemos agora confirmar em nosso experimento," disse Rauschenbeutel.
Fibras ópticas ultrafinas
O experimento consistiu em enviar luz através de fibras ópticas ultrafinas, com um diâmetro de apenas 500 nanômetros.
Os pesquisadores então mediram a quantidade de energia óptica que foi convertida em calor e, a seguir, irradiada para o ambiente.
"Pudemos mostrar que as fibras levam muito mais tempo para alcançar a temperatura de equilíbrio do que uma simples aplicação da lei de Planck poderia sugerir," disse Rauschenbeutel.
"Entretanto, nossos achados estão em perfeito acordo com a teoria mais geral da eletrodinâmica flutuacional, que permite levar a geometria e a dimensão do corpo em consideração," completou o pesquisador.
O grupo trabalha com fibras ópticas ultrafinas para transportar informações quânticas.
Para isso, é muito importante entender bem o comportamento termal dessas fibras porque qualquer variação no transporte efetivo do calor cria um risco real de que as fibras derretam-se quando os dados são transmitidos.
Bibliografia:
Thermalization via Heat Radiation of an Individual Object Thinner than the Thermal Wavelength
Christian Wuttke, Arno Rauschenbeutel
Physical Review Letters
Vol.: 111, 024301
DOI: 10.1103/PhysRevLett.111.024301
Thermalization via Heat Radiation of an Individual Object Thinner than the Thermal Wavelength
Christian Wuttke, Arno Rauschenbeutel
Physical Review Letters
Vol.: 111, 024301
DOI: 10.1103/PhysRevLett.111.024301
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