quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tecnologias emergentes: veja o que o futuro lhe reserva


Tecnologias emergentes
A Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos divulgou os resultados de sua chamada para o desenvolvimento de tecnologias emergentes.
O anúncio é aguardado como um indicador das tecnologias mais promissoras para o médio e longo prazos, uma vez que a entidade aposta em ideias que já apresentam uma massa crítica significativa, com várias equipes trabalhando simultaneamente nos mesmos conceitos.
Neste ano, foram contempladas três áreas ligadas à nanotecnologia, que serão desenvolvidas por 68 pesquisadores de 26 instituições diferentes.
As equipes vão receber os recursos necessários para prosseguir em seus projetos em três áreas emergentes: sistemas eletrônicos flexíveis, projetos de materiais e estruturas automontantes e autodobráveis e otimização da fabricação de produtos químicos em larga escala a partir da fotossíntese.
Os resultados prometem melhorar a saúde humana, otimizar os sistemas de engenharia e fabricação e garantir a sustentabilidade energética.
Tecnologias emergentes: veja o que o futuro lhe reserva
eletrônica flexível é promissora pela possibilidade de interligar o poder da eletrônica com o biológico, sobretudo com o corpo humano. [Imagem: J. Rogers/University of Illinois]
Sistemas bioeletrônicos flexíveis
Alguns dos potenciais da eletrônica flexível foram demonstrados recentemente com a criação decircuitos eletrônicos biodegradáveis, que dissolvem no corpo, e de umapele eletrônica ativa capaz de monitora e controlar a saúde.
Agora, quatro equipes pretendem desenvolver novas capacidades para que a eletrônica ajude a cuidar ainda mais da saúde.
Integrando a microeletrônica com substratos adaptáveis, esses sistemas bioeletrônicos flexíveis vão interagir diretamente com o corpo para levar o monitoramento e os tratamentos médicos a um nível sem precedentes.
Os pesquisadores vão desenvolver novos equipamentos e novos materiais flexíveis, interfaces entre aparelhos eletrônicos e materiais biológicos e novas abordagens de integração de sistemas.
Os novos conceitos deverão atender a requisitos de biocompatibilidade, peso, consumo de energia, escalabilidade e custo.
Os projetos visam alguns resultados específicos, como detecção de tumores, cicatrização de ferimentos e identificação de toxinas e bactérias.
"As equipes trabalharão também com técnicas avançadas de escalabilidade, de modo que, no futuro, os sistemas bioeletrônicos flexíveis possam ser amplamente disponíveis a baixo custo," disse Usha Varshney, coordenadora da área.
Tecnologias emergentes: veja o que o futuro lhe reserva
A arte do origami está inspirando os cientistas a reinventarem os processos fabris. [Imagem: Daniela Rus/MIT]
Origami e automontagem
Um segundo conjunto de equipes vai explorar a dobragem e o desdobramento de materiais e estruturas para criar sistemas de multifuncionais que se montem sozinhos.
Os oito projetos financiados terão por base princípios e padrões da arte do origami, a fim de projetar estruturas que possam fazer a transição entre duas e três dimensões - passar de folhas (2D) para objetos (3D).
No processo, os pesquisadores também vão abordar os desafios na modelagem de projetos e comportamentos complexos, na migração da escala de laboratório para a escala industrial e no trabalho dos materiais ativos, ou "materiais inteligentes".
Materiais ativos são aqueles que podem mudar sua forma, tamanho e/ou propriedades físicas, mediante mudanças de temperatura, pressão, campos eletromagnéticos e outros aspectos de seu ambiente.
Com esses materiais, os pesquisadores planejam criar estruturas e sistemas inteiros partindo de peças individuais que sejam flexíveis, elásticas e resistentes.
"Engenheiros, cientistas, artistas e matemáticos vão trabalhar em conjunto para descobrir como criar estruturas simples que possam colapsar ou se montar, e até mesmo de alterar funções conforme desejado," disse Clark Cooper, coordenador da área de projetos de origami.
Segundo ele, as tecnologias que serão desenvolvidas deverão ter impactos tão diversos quanto no armazenamento de informações, em estruturas aeroespaciais e em dispositivos médicos.
Tecnologias emergentes: veja o que o futuro lhe reserva
As biorrefinarias, ou biofábricas, já funcionam bem como conceito em biochips, mas a ideia agora é torná-las viáveis em escala industrial. [Imagem: Arum Han/TA&M University]
Biorrefinarias fotossintéticos
O terceiro conjunto de equipes vai investigar o uso, em larga escala, de microrganismos que usam a energia solar para produzir produtos químicos e combustíveis a partir do dióxido de carbono (CO2).
Algumas algas unicelulares, por exemplo, utilizam a fotossíntese para converter dióxido de carbono atmosférico e água em lipídeos e hidrocarbonetos - o petróleo, o carvão e o gás natural, por exemplo, são hidrocarbonetos.
Entretanto, a viabilização das "biorrefinarias" baseadas na fotossíntese artificial - que possam realizar esse processo em escala industrial - precisam primeiro superar desafios significativos, incluindo a baixa produtividade e a sustentabilidade ambiental.
Os pesquisadores também vão explorar formas de obter vários compostos de alto valor agregado, seja usando uma matriz de microrganismos, seja pela combinação de processos biológicos com catálise química.
Cada projeto deverá buscar a eficiência e a sustentabilidade por várias vias, por exemplo, através da utilização de águas residuais como uma fonte de nutrientes de baixo custo para os microrganismos.
Referencias.




Criada célula solar com uma única molécula




Célula solar molecular

O fotossistema-I é excitado opticamente por um eletrodo (no alto). Cada elétron é transferido passo a passo em apenas 16 nanossegundos.[Imagem: Christoph Hohmann/Nanosystems Initiative Munich]


Proteína fotossintética
Pesquisadores alemães construíram uma célula solar molecular, formada por uma única proteína fotossintética.
As proteínas recebem os fótons da luz solar e liberam correntes de elétrons de forma muito eficiente.
A molécula utilizada é conhecida como centro de reação fotossintética-I, essencialmente uma clorofila encontrada nas membranas dos cloroplastos de cianobactérias.
Plantas, algas e algumas bactérias usam a fotossíntese para converter a energia solar na energia química que precisam para viver.
Joachim Reichert e seus colegas da Universidade Técnica de Munique estão estudando os primeiros passos desse processo, quando a luz é absorvida e os elétrons são liberados.
O objetivo final do estudo é criar formas de imitar esse processo, por meio de mecanismos conhecidos como fotossíntese artificial.
Imitação celular
Até agora, ninguém havia conseguido montar experimentos sensíveis o suficiente para medir as fotocorrentes geradas por uma única proteína.
A equipe alemã fez isto conectando a proteína a eletrodos de ouro por meio de grupos cisteína. A seguir, eles usaram a ponta de um microscópio de rastreamento para medir a corrente.
O experimento dá informações importantes sobre os sistemas fotossintéticos naturais, o que pode ajudar a projetar sistemas artificiais que imitem o mecanismo.
Contudo, dificilmente essas células solares moleculares se tornarão a base para sistemas práticos de geração de energia.
Isso porque as proteínas são muito sensíveis, degradando-se rapidamente fora de suas condições naturais nos organismos vivos.
Bibliografia:

Photocurrent of a single photosynthetic protein
Daniel Gerster, Joachim Reichert, Hai Bi, Johannes V. Barth, Simone M. Kaniber, Alexander W. Holleitner, Iris Visoly-Fisher, Shlomi Sergani, Itai Carmeli
Nature Nanotechnology
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nnano.2012.165