sábado, 30 de novembro de 2013

Conheça a camisinha do futuro feita em grafeno


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Grafeno: você já ouviu falar desse composto que rendeu o Prêmio Nobel de física em 2010? O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante e o grafite. O grafeno de alta qualidade é muito forte, leve, quase transparente e um excelente condutor de calor e eletricidade. É o material mais forte já demonstrado, consistindo em uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões.
Por essas e outras qualidades, a Fundação de Bill Gates doou US$ 100 mil para pesquisadores misturarem o material ao látex dos preservativos, tornando-os mais finos, resistentes e prazerosos. O produto já vem sendo aplicado em filtros para dessalinizar água, baterias super potentes e processadores ultra rápidos – e agora, a camisinha do futuro, que deve aliar a força do grafeno à elasticidade do látex.
O objetivo da Fundação criada pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, é o de lançar no mercado uma camisinha tão fina e segura que sirva de incentivo para a prática do sexo seguro no mundo inteiro, especialmente nos países pobres, com maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis, colocando fim ao estigma de que o ato sexual com preservativo é menos prazeroso.
O diretor sênior da equipe de HIV na fundação Bill e Melinda Gates, Papa Salif Sow, disse que a super camisinha será uma arma poderosa na luta contra a pobreza. Segundo a organização, a produção mundial de camisinhas é de 15 bilhões de unidades por ano, utilizadas por 750 milhões de usuários. Os dados são muito inferiores, se comparados ao número de pessoas sexualmente ativas no mundo, mostrando que o sexo seguro ainda não é uma rotina na vida de muitas pessoas.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Radiação de calor em nanoescala desafia Lei de Planck

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/07/2013
Radiação de calor em nanoescala desafiam Lei de Planck
O grupo trabalha com fibras ópticas ultrafinas para transportar informações quânticas, fibras estas que podem "fritar" se a dissipação do calor não for bem compreendida. [Imagem: Vienna University of Technology]
Onda de calor
A Física está decididamente sendo invadida por uma "onda de calor" - mais especificamente, sobre mudanças radicais na forma como a ciência compreende e interpreta o calor.
Depois de uma proposta inusitada para marcar o tempo pelo calor, demonstrou-se que o calor pode ser manipulado como se fosse luz, usando lentes e espelhos.
Mas as duas novidades mais radicais vieram com a demonstração, feita por equipes separadas, de que a energia pode ser transportada diretamente do frio para o calor e que, em escala atômica, o calor se concentra e não aquece todos os lugares.
Agora, Christian Wuttke e Arno Rauschenbeutel, da Universidadede Tecnologia de Viena, na Áustria, fizeram uma descoberta ainda mais surpreendente, que mexe com um dos pilares da física, a chamada Lei de Planck, ou "lei da radiação dos corpos negros".
Lei de Planck
Em 1900, o físico Max Planck estruturou uma fórmula que descreve a radiação de calor dos corpos como uma função da sua temperatura, estabelecendo as bases para a física quântica.
Sua teoria descreve a radiação de uma ampla variedade de objetos, da luz emitida pelas estrelas até a cor de uma bijuteria brilhante, passando pela invisível radiação de calor, que pode ser registrada com câmeras de infravermelho.
Mas, embora a teoria possa ser aplicada a muitos sistemas diferentes, o próprio Planck já sabia que ela não era universal e teria que ser substituída por uma teoria mais geral quando objetos muito pequenos fossem envolvidos.
Esses objetos muito pequenos começaram a ser envolvidos de fato nas pesquisas com o desenvolvimento das nanociências e com a criação das ferramentas para a nanotecnologia.
Em 2009, por exemplo, Sheng Shen e seus colegas do MIT demonstraram que, quando dois objetos muito pequenos ficam próximos o suficiente, abre-se um buraco na Lei de Planck, um fenômeno com possibilidades de aplicação em discos rígidos e na geração de energia termovoltaica:
Lei geral da radiação termal
Agora, a dupla austríaca trabalhou não com distâncias, mas especificamente com a dimensão das partículas, conforme previsto por Planck.
E descobriram que, quando os objetos são menores do que o comprimento de onda da radiação termal, o calor não se irradia da "forma eficiente" verificada nos corpos maiores.
Ao verificar isto experimentalmente, os dois cientistas desenvolveram uma teoria mais genérica da radiação termal.
E não se trata apenas de uma teoria, a descoberta é importante para o gerenciamento do calor em nanodispositivos - nas dimensões que os processadores de computador estão chegando - e para a ciência dos aerossóis, micropartículas que ficam dispersas na atmosfera e que influenciam o clima.
"A radiação térmica de um pedaço de carvão pode ser descrita perfeitamente pela lei de Planck, mas o comportamento das partículas de fuligem na atmosfera só podem ser descritas por uma teoria mais geral, que pudemos agora confirmar em nosso experimento," disse Rauschenbeutel.
Fibras ópticas ultrafinas
O experimento consistiu em enviar luz através de fibras ópticas ultrafinas, com um diâmetro de apenas 500 nanômetros.
Os pesquisadores então mediram a quantidade de energia óptica que foi convertida em calor e, a seguir, irradiada para o ambiente.
"Pudemos mostrar que as fibras levam muito mais tempo para alcançar a temperatura de equilíbrio do que uma simples aplicação da lei de Planck poderia sugerir," disse Rauschenbeutel.
"Entretanto, nossos achados estão em perfeito acordo com a teoria mais geral da eletrodinâmica flutuacional, que permite levar a geometria e a dimensão do corpo em consideração," completou o pesquisador.
O grupo trabalha com fibras ópticas ultrafinas para transportar informações quânticas.
Para isso, é muito importante entender bem o comportamento termal dessas fibras porque qualquer variação no transporte efetivo do calor cria um risco real de que as fibras derretam-se quando os dados são transmitidos.
Bibliografia:

Thermalization via Heat Radiation of an Individual Object Thinner than the Thermal Wavelength
Christian Wuttke, Arno Rauschenbeutel
Physical Review Letters
Vol.: 111, 024301
DOI: 10.1103/PhysRevLett.111.024301

terça-feira, 16 de abril de 2013

A revolução do grafeno


Partindo de experiências com grafite, o grafeno (derivado do carbono, identificado nos anos 1930) substituirá o silício e possibilitará um salto tecnológico sem precedentes. No Brasil, a universidade Mackenzie dá os primeiros passos para desenvolver o material



Pense em acordar e, ao escovar os dentes, ter diante dos olhos, integrada ao espelho do armário, uma interface tecnológica que permitirá acompanhar as notícias do dia, deixar recados ou organizar outras tarefas de casa. Imagine carregar no bolso da calça ou do paletó o próprio computador ou um projetor de 50 polegadas dobrado ou enrolado. E que tal ter um celular que pode ser utilizado como uma pulseira ou dormir na total escuridão em um quarto com janelas cuja transparência pode ser controlada por dispositivos integrados ao vidro, sem o auxílio de cortinas ou persianas? E o melhor, todas essas transformações acrescidas de outras vantagens: a utilização de uma matéria-prima cuja resistência é 200 vezes superior à do aço e, não bastasse, quase transparente, impermeável e extremamente flexível. Pois tudo isso, e muito mais, fará parte da rotina de consumidores globais na próxima década, graças ao grafeno, material de dimensões nanométricas (a milionésima parte de um milímetro), que substituirá o silício e, como seu antecessor, propiciará avanços científicos e tecnológicos sem precedentes, no que está sendo chamado (em alusão ao material que tornou célebre o Vale do Silício, o parque tecnológico da Califórnia, nos Estados Unidos)  “Segunda Revolução Tecnológica”.

Identificado por cientistas na década de 1930, o grafeno é derivado do carbono e sempre teve fins de baixa tecnologia, como a utilização em lubrificantes e para a produção de grafite. Em 2004, estudando possíveis saídas para o esgotamento da Lei de Moore (criada, em 1965, pelo cientista Gordon E. Moore, um dos fundadores da Intel, previu que, a cada dois anos, a capacidade de armazenamento e velocidade dos hardwares dobraria) Andre Geim e Konstantin Novoselov, dois físicos russos que atuam na Universidade de Manchester, na Inglaterra, iniciaram experiências que radicalizariam as possibilidades de aplicação do grafeno. Isolando partículas cada vez menores do material, até chegar a dimensões imperceptíveis a olho nu, os físicos chegaram a um material, bidimensional, como uma folha de papel, composto por átomos de carbono densamente alinhados em uma rede cristalina com formato hexagonal e um átomo de espessura, com alta condutividade térmica e elétrica.

Reprodução de transistor com dimensões nanométricas (a milionésima parte de um milímetro), feito com grafeno. Material substituirá o silício em diversas aplicações tecnológicas

Desde então, os físicos se empenharam para conseguir uma façanha divisora: desenvolver um transistor, feito à base de grafeno, de dimensões nanométricas, que possibilitasse uma aplicação tecnológica capaz de substituir, com uma infinidade de vantagens, o silício – grande responsável pelas pequenas revoluções que vimos surgir de 2000 para cá: os televisores cada vez mais finos, os computadores e smartphones com capacidade de processamento e armazenamento de dados muito superiores aos da década de 1990, a ampliação da banda larga de internet, entre outras. Mas se esses avanços já foram capazes de surpreender milhões de pessoas ao redor do mundo e instaurar novos hábitos de consumo, o que veremos pela frente, com exceção dos carros voadores, faz lembrar o futuro imaginado pelos Jetsons, o desenho da Hannah Barbera que instigou gerações de crianças nos anos 1970 e 80, quando essas tecnologias ainda engatinhavam.
Além das possibilidades tecnológicas, o grafeno também será fundamental para o futuro dos processos industriais e fornecerá novos insumos para automóveis, aeronaves, satélites, células solares e até coletes à prova de bala. No campo da biomedicina e da indústria farmacêutica, o grafeno possibilitará controlar o crescimento de células-tronco, combater tumores, criar remédios com nanorrobôs que serão liberados na corrente sanguínea, além de construir músculos artificiais. Em 2010, em justo reconhecimento da comunidade científica, os dois pesquisadores russos foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física.
Grafeno made in Brazil
O maior centro de pesquisas mundiais do grafeno é a Universidade Nacional de Cingapura, que criou uma divisão especialmente dedicada à pesquisa do material, o Graphene Center, conduzido por um brasileiro que é Ph.D. em física, Antonio H. Castro Neto. E a possibilidade do Brasil começar a desenvolver grafeno, ainda nessa década, é bastante factível. A Universidade Presbiteriana Mackenzie está dando os primeiros passos para tornar essa ex­pectativa uma realidade. Em entrevista à Inovação!Brasileiros, o professor Eunézio Antonio de Souza, doutor em Física pela Unicamp (Universidade de Campinas) antecipou a boa nova: “Estamos formando uma equipe experimental para tornar o grafeno um produto também feito no Brasil em um prazo médio de cinco anos. Até lá, espero que a variação seja no quanto estaremos acima dessa meta. O centro terá três frentes: para aplicações em química, engenharia de materiais e fotônica”.

Smartphone conceito da Philips, feito com grafeno, que pode ser utilizado como pulseira
Souza, ou Thoroh, como é chamado por todos na Mackenzie (nome artístico adotado pelo próprio professor que, dado curioso, também é cantor de ópera), é uma autoridade quando o assunto é fotônica, a tecnologia utilizada para a construção de fibras óticas. Thoroh é também especialista em física de lasers, amplificadores ópticos, moduladores de poços quânticos e retina artificial. Estará à frente de um visionário projeto idealizado pelo reitor, doutor Benedito Guimarães Aguiar Neto, que deverá ser desenvolvido pela universidade a partir de 2013. “A pesquisa sobre o grafeno é uma das áreas estratégicas prospectadas por nós, tanto por permitir que aproveitemos todo o potencial existente na universidade quanto pelos benefícios que pode trazer à sociedade e pela contribuição à competitividade do País”, afirma o reitor.
Thoroh fala com entusiasmo sobre o grafeno: “É um elemento milagroso, com características superlativas e específicas, excelente condutividade elétrica, cerca de mil vezes mais rápida que a do silício. Além disso, ele é quase transparente, muito resistente e ao mesmo tempo maleável. Como ele é bidimensional, como uma folha de papel, vai propiciar uma revolução na área que chamamos de eletrônica flexível. Essas aplicações já estão sendo utilizadas por grandes empresas, como IBM, Intel, 3M e Samsung”.


Tradicional na formação de mão de obra para as diversas frentes da engenharia no País, a universidade Mackenzie foi responsável por um avanço recente produzindo uma solução de ponta que já chegou aos lares de milhões de brasileiros, como esclarece Leila Figueiredo de Miranda, doutora em Tecnologia Nuclear pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, da Universidade de São Paulo, e diretora da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie: “Temos um núcleo de pesquisas em TV digital onde foi desenvolvido – em parceria com outras universidades, mas com um grupo de pesquisadores majoritariamente nossos – o modelo para o sistema brasileiro de transmissão digital, que também foi adotado em toda a América Latina”.
Thoroh, que recentemente foi à China participar de um congresso sobre grafeno, dá outras pistas sobre as intenções da universidade, que em 2013, revelará para a comunidade acadêmica o planejamento para a implantação do novo centro de pesquisa. “Buscaremos, em um primeiro momento, explorar as propriedades óticas do grafeno, pois a fotônica é nossa grande especialidade. Vamos nos servir da nanotecnologia para tornar a comunicação ótica mais rápida e fazer uma internet muito mais veloz do que a que temos hoje. Faremos pesquisas para criar dispositivos que serão incorporados a sistemas utilizados nas redes de comunicação que governam o mundo. Poderemos construir lasers baseados em grafeno e já até fizemos isso em nosso laboratório. Investiremos o que for necessário, porque há uma grande projeção de mercado para o Brasil. No País, existem vários grupos trabalhando com nanotecnologia, mas a maioria deles são grupos teóricos. Nosso diferencial é que somos um grupo experimental aplicado. Fazemos tudo com um viés aplicável e temos a potencialidade de formar muitos alunos que vão gerar novos produtos e riquezas para o País. Essas são algumas de nossas metas.”
O desafio de colocar o Brasil no mapa tecnológico internacional também instiga a professora Leila. Para ela, a inserção do País no mercado mundial do grafeno será um marco para as relações comerciais externas e o novo centro de pesquisas da universidade Mackenzie terá um papel fundamental: “O Brasil tem que deixar de ser somente um exportador de commodities. O País não vai crescer plenamente se não desenvolver suas próprias tecnologias. Essas inovações passam pelas diversas áreas da engenharia onde temos tradição consolidada além de uma forte interação com outros centros de pesquisa, como o IPEN, a USP, a Universidade de São Carlos, a Unicamp e a Universidade Federal da Paraíba. Nos últimos 15 anos, fizemos grandes investimentos em pesquisas. Conseguimos patentear soluções utilizadas por empresas como a Magneti Marelli e a Renault e nossos alunos têm grande empregabilidade no mercado. Ontem, foi anunciado o prêmio Nokia-Siemens dedicado a mulheres que atuam na área de tecnologia e, pelo segundo ano consecutivo, uma aluna da universidade foi a vencedora”, comemora ela.
Prever o futuro pode até ser um exercício de subjetividade, mas é fato: ele será escrito com o mesmo grafeno, encontrado em lápis e lapiseiras, que desde crianças nos ajuda escrever a nossa própria história.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Nova forma de energia fotovoltaica utiliza metais nanoestrurados.


"Trata-se da primeira solução alternativa radicalmente nova à utilização de semicondutores para a conversão da energia solar em eletricidade", enfatiza o Professor Martin Moskovits, professor de química da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, UCSB (EUA).
Nas técnicas clássicas, a luz do sol atinge a superfície do material semicondutor, no qual uma face é rica em elétrons, enquanto a outra é desprovida. O fóton é uma partícula de luz com a propriedade de excitar os elétrons, obrigando-os a deixarem seus níveis de energia. É este fenômeno que produz uma corrente de partículas carregadas, os elétrons, que podem ser utilizados para múltiplos usos: iluminação, alimentação de baterias ou, ainda, eletrólise da água, para separar oxigênio e hidrogênio.
Mas, na abordagem desenvolvida por Moskovits e sua equipe, não são os semicondutores que produzem a corrente elétrica mas, sim, metais nanoestruturados e, mais precisamente, uma densa malha formada por nanotubos de ouro. Estes últimos foram recobertos por uma camada de dióxido de titânio cristalino, dopados com nanopartículas cristalinas e imersos na água.


Nanotubos de ouro.
Créditos: TU Darmstadt.




Transistores de grafeno para a bioeletrônica.

Poder fundir o Homem e a máquina - a fim de libertar os corpos biológicos de algumas de suas limitações -, é realmente um velho sonho. Referimo-nos, naturalmente, à produção de próteses para restaurar a utilização de um membro perdido ou ainda uma visão falha. Coloca-se, então, o problema da realização de uma interface entre circuitos eletrônicos e células nervosas. A priori, isto é possível, porque o influxo nervoso, o famoso potencial de ação, faz com que intervenham efeitos eletroquímicos.



http://www.lqes.iqm.unicamp.br/canal_cientifico/lqes_news/lqes_news_cit/lqes_news_2013/lqes_news_novidades_1728.html